Está claro que a Ubisoft vem pecado ultimamente sob diversos aspectos, em se tratando da série Assassin´s Creed, principalmente quanto sua narrativa. Se pararmos para analisar toda sua trajetória e evolução, notadamente algo saiu do controle. E com isso, novas tentativas de trazer essa narrativa aos devidos eixos, é que esperamos em Assassin´s Creed Chronicles: China. Embora não seja diretamente uma continuação, trata-se de um spin-off em formato 2,5D, completamente diferente dos formatos dos títulos anteriores, lançados para os consoles.
Lembrando que Assassin´s Creed Chronicles: China é o primeiro de uma trilogia, sendo os seguintes ambientados na Índia e Rússia, futuramente. E para aqueles que haviam adquirido o Season Pass do AC:Unity, descontinuado pela Ubisoft, poderá baixar o AC Chronicles de graça.
A história e toda a ação acontece durante o século XVI, assumindo o papel de uma assassina chamada Shao Jun (a mesma do curta animado, lançado em 2011 pela Ubisoft). Depois dos eventos iniciais, Shao parte em busca de uma caixa que pertenceu aos Percursores, buscando paralelamente assassinar os templários da região (conhecidos como Tigres) que por muito pouco quase exterminaram a irmandade de assassinos na Ásia. Jun irá colocar em prática tudo o que aprendeu com seu mestre, nada mais nada menos que o próprio Ezio Auditore, o famoso assassino dos primeiros jogos da série AC.

Assassin’s Creed Chronicles: China é um jogo de ação furtiva e plataformas 2.5D extremamente bem trabalhado. Apesar dessa perspectiva, o jogo explora bem a profundidade que o “3D falso” lhe proporciona, oferecendo várias camadas de plataformas que podemos explorar, abrindo imenso o mapa de cada nível.
No jogo, lutar diretamente com o inimigos, é possível logicamente, mas o combate corpo a corpo é propositalmente difícil, tendo vista o seu foco principal ser a furtividade. Logo, morrer em combate direto é mais comum por aqui. Nesse aspecto, furtividade é bastante competente com o adoção dos cenários em 2,5 D, fazendo uso dos inúmeros esconderijos, portas abertas espalhadas pelos níveis. Jun está equipada com movimentos e acessórios dignos de qualquer assassino da série principal. Sendo bastante ágil na execução da maioria das ações clássicas da série, como subir paredes, esconder-se no feno, usar a visão de águia e executar saltos de fé. Ainda é possível sincronizar o mapa, que aqui nesse contexto de China sendo um side-scrolling, oferece a localização de objetos escondidos.

Terão ainda acesso a dardos, facas de arremesso e bombinhas que distraem os guardas à distância (e além de poder assobiar). Em cada nível existem vários itens colecionáveis para serem encontrados e objetivos secundários que podemos cumprir. Salvo algumas exceções, nas quais devemos correr pelos cenários (onde creio ser os níveis mais divertidos), a maioria dos impõe um ritmo bem cadenciado por parte do jogador. Afinal, visa a furtividade.
Os cenários de fundo, na minha opinião, poderiam ser melhor trabalhados e refinados, onde são praticamente pinturas à óleo. Mas por outro lado, a movimentação e a animação de Jun e dos inimigos estão excepcionalmente bem feitos. Parece que houve um certo descuido na ambientação e acabamento dos cenários, em contraposição aos personagens. As cutscenes também dão um toque especial na caracterização oriental, uma vez que nos é apresentada sob forma de pintura com belíssimas pinceladas.
O fator replay de Assassin’s Creed Chronicles: China, é bem elevado e muito bem realizado, que após todos os movimentos desbloqueados, é possível tentar recolher todos os desbloqueáveis, cumprir os objetivos secundários e melhorar as classificações nas fases já concluídas anteriormente.
Apesar de ser tão diferente dos jogos principais, AC Chronicles: China ainda continua um legítimo Assassin’s Creed, por mais estranho que possa parecer. Características como a luta de assassinos e templários, ambientações em lugares famoso (no caso, a Muralha da China e a Cidade Proibida) e o uso de figuras e fatos históricos reais ainda estão presentes.
Justamente por ter a plena ciência de sua capacidade e focar-se em um projeto por vez, a produtora Climax (Silent Hill Origins e Shattered Memories) soube exatamente o que fazer e como entregar uma boa e honesta experiência ao público gamer.
