Review – Far Cry: Primal

Pode até parecer estranho, mas Far Cry Primal é o próximo passo evolutivo da série. Explico. Embora o fato de regredir no tempo para a Idade da Pedra possa soar como um movimento ousado ou estranho para a franquia, na realidade, está em clara e perfeita harmonia com o momento em que a série vem se desenhando, sob todos os aspectos, sejam eles melhor ou pior. 

Far Cry Primal se passa em Oros, um vale montanhoso (fictício) localizado na cordilheira dos Cárpatos, no leste europeu, há mais de 12.000 anos atrás. E com final da última era glacial, o derretimento favoreceu assim a origem e evolução de uma terra fértil repleta de vida selvagem. Ao lado das três tribos distintas de humanos pré-históricos, disputam terreno lado a lado enormes animais selvagens como mamutes, Tigres dentes de Sabre e imponentes Alces.
Nosso protagonista, Takkar, faz parte da tribo conhecida como Wenja, onde seus membros estão espalhadas pela terra de Oros, sendo caçados pelos Udam, uma horda de canibais que se assemelham a neandertais, e pelos Izila, uma civilização mais avançada de origem mesopotâmica, voltada para agricultura.
Aqui a história é bem mais superficial que do que em todos os jogos da franquia. Resume-se basicamente a sobrevivência, coleta de recursos diariamente e superar qualquer adversidade no caminho.
No entanto, é justamente nesse aspecto que Far Cry Primal reformula o sistema caça, de uma maneira que faz sentido. Logo na sequência de abertura, Takkar e um grupo de sua tribo tentam derrubar um mamute filhote em um esforço coordenado. Tudo se encaixa no contexto, não sendo nenhum show gratuito de violência contra animais mas sim pela estrita questão da própria existência.
Além de utilizar um arsenal rudimentar (porém fatal) de lanças, arcos e tacapes, os jogadores serão capazes de domar uma vasta variedade de criaturas para ajudá-los em suas viagens. Começando de forma bem realista, com o recrutamento de um lobo e uma poderosa coruja, mas ao longo do tempo é possível utilizar mamutes como montarias e batalhar ao lado de grandes leopardos, ursos, mamutes e tigres dente de sabre, por exemplo.
E por citar os animais, eles são de longe uma das melhores experiências nessa edição. Construído com base nos motores dos jogos anteriores, a fauna domável pode ser usada sob diversas formas, seja como batedor, ataques coordenados, realizando eliminações furtivas ou mesmo como protetor de Takkar  quando estiver sob ataque; este sistema é imensamente divertido e eficaz se aplicado em conjunto com sua fiel coruja.
Apesar dessa agradável surpresa em relação os animais controláveis, a experiência como um todo não se tornou totalmente nova ou emocionante como prometia ser. Apesar de existir todo um ambiente selvagem e drasticamente diferente, senti ainda um gosto amargo dos últimos jogos Far Cry. Na sua essência, é muito mais um jogo de mundo aberto, com a necessidade incansável de coletar TUDO e esfolar alguns animais específicos, com um mapa repleto de postos avançados para serem conquistados e muitas missões opcionais para distraí-lo durante toda a viagem. Estaria esse método dando sinais de saturação? Na minha opinião, sim.
Em alguns aspectos, Far Cry Primalse mostra bem adequado, mas sua narrativa e mecânica de jogo são em grande parte superficial ou não desenvolvidas. Há uma mistura entre o que é novo (sistema de animais domados, por exemplo) e o que não é (coleta de recurso e postos avançados, mencionados anteriormente).
Resumiria que Far Cry Primal é uma experiência bem elaborada, tecnicamente falando. Seus gráficos e sons mantém-se elevados, mas a narrativa superficial não me cativou como esperava. Embora tenha gostado demais em lidar com animais selvagens e utilizá-los como imponentes montarias, ou ainda atacando os inimigos sem piedade (pensando exclusivamente na preservação do povo Wenja), confesso que fiquei um pouco decepcionado com o conjunto da obra. Mas, de qualquer forma, vale sim cada minuto do tempo de jogo gasto com ele.
PS: O jogo foi analisado no Xbox One e obtido de forma digital.


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